Disciplina - Arte

Waltel Branco (1929 - )

Imagem do compositor Waltel Branco.Waltel Branco é maestro, compositor, regente, arranjador, diretor musical, violonista, guitarrista, contrabaixista, produtor musical e professor, especialista em trilhas para novelas e cinema,  é considerado um dos principais músicos do Paraná.
Nascido em Paranaguá, em 1929, vem de uma família em que a música fazia parte, iniciou-se nesta arte já muito cedo, por meio da bateria, do violão e posteriormente do cavaquinho e violoncelo, vindo ainda a estudar harpa e órgão. Sua infância e adolescência foi marcada pelo estudo da música e religião, alternando entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro.
Seus estudos musicais se consolidaram no período em que esteve no seminário com o chileno Joquín Zamacois. Entre seus mestres da época, nomes como Bento Mossurunga, Padre José Penalva, Jorge Koshag, Stanley Wilson e Alceo Bocchino contribuíram para sua formação. Em Curitiba formou uma jazz-band junto com seu irmão Ismael Branco bateria e com a então revelação Gebran Sabag piano. Em 1949 rumou para o Rio de Janeiro e, em seguida, para Cuba ainda na juventude, juntamente com a cantora Lia Ray para ser o arranjador, diretor musical e violonista do conjunto que formaram.

Anos 40 e 50

Em Cuba, o governante Fidel Castro solicitou ao maestro Quem Brower que recuperasse a autenticidade da música cubana e, para tanto, Waltel foi chamado. Neste país, teve a oportunidade de tocar com Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico O’Farrel ajudando a criar a mistura de jazz, música cubana e brasileira que veio a alterar a Salsa e, posteriormente, influenciar o Jazz-fusion do qual Waltel é considerado um dos precursores. Nos anos 40 e 50 residiu em Cuba, Estados Unidos e Rio de Janeiro. Tocou com Lia Ray, Perez Prado, Mongo Santamaría e Chico OFarrel. Em 1950, mudou-se para os Estados Unidos, por volta de 1952/53 integrou o trio do baterista Chico Hamilton. Voltando ao Brasil teve importância fundamental na formatação da Bossa Nova, morando em uma pensão junto com João Gilberto, com quem desempenhou longa parceria sendo arranjador e amigo desde então.

Depois de pequenas passagens pela Europa e Ásia, Waltel decide estudar música e trilha sonora, rumando novamente aos Estados Unidos onde teve contato com a música incidental do maestro Instanley Wilston e com o violonista Sal Salvador, que por sua vez tocava com Nat King Cole, com quem Waltel veio a formar um trio, além de produzir um disco para o irmão Fred Cole e para a filha Natalie Cole. Mais tarde conheceu a cantora Peggy Lipton (que casou-se com Quincy Jones) e sua irmã Lede Saint-Clair, com quem veio a se casar.

Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita em meio a grandes nomes acabou por conhecer o maestro Henry Mancini e a integrar a equipe que este comandava, responsável por várias trilhas sonoras e composições, entre as quais a famosa Pantera Cor-de-Rosa. Foi em 1963, longe de casa, que o maestro veio a se encontrar com o empresário Roberto Marinho que reconhecendo seu talento o chamou para a então jovem Rede Globo onde viria a compor um time seleto de músicos da emissora junto a Radamés Gnatalli, César Guerra Peixe e Guido de Moraes.

Waltel no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, gravou os discos "Guitarra em Chamas" 1 e 2, juntamente com o violonista Baden Powell e, tendo contato com a então inovadora Bossa Nova, participou dos arranjos de "Chega de Saudade", de João Gilberto, com quem veio a trabalhar por um longo período. Dois LPs de 1963 são importantes: “Guitarra Bossa Nova” e “Guitarras em Fogo”, ambos com participações de Baden Powell, Neco e Geraldo Vespar. Amigo de Radamés Gnatalli, Waltel participa da gravação histórica da “Suíte Retratos”, com Jacob do Bandolim e sob regência do próprio Radamés. Em 1965 lança como compositor e arranjador “A turma do bom balanço”, LP que possui, entre outras presenças, de músicos importantes como Dom Salvador, Geraldo Vespar, K-Ximbinho, Edison Machado, J. Meirelles, Neco e Ed Maciel.

Com a inauguração da TV Globo, em 1965, Waltel torna-se diretor responsável por trilhas sonoras de novelas e especiais da emissora. Muitos compositores criaram música em homenagem a Waltel: Radamés Gnatalli, Cláudio Santoro, Guerra Peixe, Laurindo de Almeida, José Menezes, Theodoro Nogueira, Luiz Bonfá e, recentemente, Cláudio Menandro. Regeu diversas orquestras, entre as quais a Orquestra Jovem Santa Cecília, em Roma, a Orquestra de Cordas da CBS, a Orquestra Romanza (para a Som Livre) e a Orquestra Sinfônica de Brasília. Waltel Branco criou arranjos para João Gilberto, Dorival Caymmi ( “Retirantes”, o tema da novela “A Escrava Isaura”), Rosa Passos, Flora Purim, Maria Creuza, Alceu Valçença, Ney Matogrosso, Vanusa, Zé Kéti, Peri Ribeiro, Carlinhos Vergueiro, Sérgio Ricardo, Dom Um Romão, Toni Tornado, Tim Maia, Jane Duboc e Odair José, entre muitos outros. No seu currículo constam também a produção e direção musical dos LPs de Freddy Cole e Johnny Mathis, gravados para a Som Livre.

Homenagens a Waltel Branco

Em 1997, recebeu homenagem da Orquestra a Base de Sopros, que lhe dedicou um CD inteiro. Outro CD em sua homenagem foi “Tributo a Waltel Branco”, lançado pelo violonista Cláudio Menandro, trazendo obras inéditas para violão. Em 2001, o Maestro assumiu a regência da OSPG - Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa/PR, para a qual musicou o poema "Os poentes da minha terra" de Anita Philipovsky. Em 2004 Waltel Branco foi eleito presidente do Fórum de Música do Paraná, engajando-se na defesa da música brasileira junto as esferas públicas como Câmara Setorial de Música do Ministério da Cultura e Conferência Nacional de Cultura. Ainda em 2004 é destacado no livro A[des]construção da Música na Cultura Paranaense, de Manoel J. de Souza Neto o que resulta em série de homenagens ao mestre, que constantemente é chamado para receber comendas, ou proferir palestras, entrevistas e participar de eventos acadêmicos onde divide seus conhecimentos.

Além disso, teve um breve relato de sua história contada através do já premiado documentário "Descobrindo Waltel",(2005) de Alessandro Gamo, onde ilustres personalidades como Ed Motta, Roberto Menescal e o Maestro Julio Medaglia entre outros, ajudam a contar a vida do mestre.


Fonte: elizabethdiariodamusica.blogspot.com acesso em novembro de 2011.
Recomendar esta página via e-mail: