Disciplina - Arte

Arte

08/04/2010

Restauração do Palácio do Planalto em Brasília

O governo federal corre contra o tempo para poder entregar um Palácio do Planalto reformado no próximo dia 21, quando Brasília completa 50 anos. A obra no prédio – que foi projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado com a capital do país, em 1960 - durou um ano e custou cerca de R$ 100 milhões. Esta deverá ser a única contribuição do governo federal para a festa do cinquentenário da capital.
Tombado como Patrimônio Histórico da humanidade, o Palácio do Planalto tem 36 mil metros quadrados de área construída, em quatro pavimentos do prédio principal e nos quatro prédios anexos. O projeto de reestruturação e restauração, feito em 2007, ficou sob a responsabilidade do escritório do próprio Niemeyer, autor do projeto original.
Quando decidiu resgatar a história do Palácio, cortando puxadinhos e anexos que foram adaptados ao longo dos últimos 49 anos, o governo teve de abrir um espaço no Orçamento para a realização das obras. Inicialmente, R$ 100 milhões estavam disponíveis para a obra. A empresa Portobello ganhou a concorrência com valor de R$ 78 milhões, mas houve aditivos ao projeto inicial, como a instalação do ar condicionado, e o valor total previsto para a conclusão dos trabalhos subiu para R$ 96 milhões.
As obras começaram em maio do ano passado e passaram por percalços, chegando a ser paralisadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União) em setembro. Relatório do tribunal apontava problemas como a falta de alvará. Os problemas iam da existência de dois preços diferentes para pagar um mesmo serviço a ausência de referência a encargos trabalhistas dos profissionais.
Até o presidente Lula, em visita ás obras, chegou a duvidar que tudo ficaria pronto para a festa de 50 anos de Brasília. O Planalto garante que sim. Afinal, desde maio, o cartão postal de Brasília ficou escondido por tapumes.
A reforma incluiu a retirada de divisórias do quarto andar – chamado por Lula de favela -, onde ficavam a Casa Civil, a Secretaria Geral da Presidência, Gabinete de Segurança Institucional e a Secretaria de Relações Institucionais. Com a recuperação das características originais, o andar terá um saguão voltado para a Praça dos Três Poderes, decorado com um painel de Athos Bulcão.
Durante a reforma também foi construída uma garagem subterrânea, para 500 carros, além de um anexo onde funcionará o comitê de imprensa, antes instalado no saguão do prédio principal.
Quem visitar o Planalto após a reinauguração terá a chance de fazer uma verdadeira viagem no tempo. Com o objetivo de reconstituir o cenário dos anos 60 e 70, móveis da época estão sendo restaurados por 40 jovens carentes do Distrito Federal, com orientação de técnicos do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O mobiliário tem a assinatura de grandes designers brasileiros como Sérgio Rodrigues, Joaquim Tenreiro, Ana Maria Niemeyer.
Foi o próprio Juscelino Kubitscheck quem fez questão de ter móveis desenhados por esses grandes nomes no Palácio do Planalto na época da inauguração da cidade. Mas juntar todo esse mobiliário não foi das tarefas mais simples. Que o diga o diretor de documentação histórica da Presidência da República e Coordenador da Comissão de Curadoria dos Palácios da Alvorada e do Planalto, Cláudio Soares.
Empenhado em recriar a atmosfera dos anos 60 no interior do Planalto, Soeares aproveitou uma sugestão que partiu da primeira-dama, dona Marisa Letícia. Em 2009, ela foi patronesse de uma turma de restauração de mobiliário moderno do IPHAN. Os alunos eram todos adolescentes carentes, com idade entre 15 e 17 anos.- Até então não sabíamos se iríamos aproveitar todos os móveis. A decisão foi tomada em meados de fevereiro. Em janeiro, tomamos conhecimento do projeto de decoração contemporânea, de Oscar Niemeyer, para o Palácio do Planalto.
Como a comissão de curadoria queria manter a linha dos anos 60, veio a idéia de usar aqueles jovens aprendizes no projeto de restauração de móveis antigos do palácio. O IPHAN, por meio de uma ONG, patrocina os estudos de aperfeiçoamento para os adolescentes. A Presidência assumiu os encargos com transporte e alimentação do grupo e se encarregou de proporcionar um estudo dirigido, no horário do almoço, no centro de treinamento do Palácio do Planalto.
Agora, os meninos têm 272 móveis para restaurar. O atelier funciona no próprio Palácio. Muitos estavam abandonados em depósitos ou espalhados por outros prédios públicos. Cláudio Soares garimpou pessoalmente 400 móveis da Câmara e do Senado, que seriam leiloados ou literalmente colocados na lixeira por causa do mau estado de conservação.- Hoje, os meninos aproveitam a restauração para fazer um refinamento no trabalho deles. Agora, vão entrar também em tapeçaria.
Cerca de 500 peças - entre sofás, mesas, cadeiras e poltronas - estavam sem uso na Câmara dos Deputados ou seriam leiloados no Senado.
O custo estimado da decoração do Planalto era de R$ 6.500. A restauração está permitindo uma economia de R$ 3.500. Cerca de R$ 3 milhões serão gastos na compra de 54 peças desenhadas por Niemeyer e 1.273 do designer Sérgio Rodrigues, criador da premiada Poltrona Mole - a dupla foi responsável por projetar originalmente grande parte dos móveis dos edifícios públicos da capital federal.
Todo esse trabalho é sintetizado pelo diretor de Documentação Histórica da Presidência da República e coordenador da Comissão de Curadoria dos Palácios da Alvorada e do Planalto, Cláudio Soares: - A gente está preservando a história, fazendo inclusão social, convencendo as pessoas do reaproveitamento das coisas usadas e economizando dinheiro.
Apesar de toda a insistência da curadoria, o presidente Lula parece não desistir da idéia de manter seu gabinete decorado com móveis da época de Getúlio Vargas, o que contraria o projeto de preservar a linha modernista do resto do palácio restaurado. Quem revela Cláudio Soares.- Por enquanto, o Presidente está pretendendo manter o gabinete dele.
Os móveis, de madeira escura, com torneados e os chamados pés ao estilo “pata de leão”, diferem do traçado reto e ousado do modernismo. Além disso, nunca fizeram parte do projeto original de decoração do palácio. Foram trazidos do Rio de Janeiro, onde, segundo o próprio curador “ficam um espetáculo nos gabinetes construídos ao estilo da época.
Mylena Fiori, do R7, em Brasília
Colaboração de Claudia Gonçalves, da TV Record

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Temas Atuais: 50 anos de Brasília.

Fonte: R7 Notícias
Publicado em 05/04/2010. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor do texto.
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